quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Inatingível

Shiny Night by marcisovsky.com
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Quero andar na linha do horizonte
Onde o céu se deita sobre o mar
Quero tocar a linha tênue
Que aproxima o amor do ódio
E separa razão e fantasia
Quero encostar na ilusão
Ter na palma da mão
Uma gota do intangível
Um pedaço de poesia

(Isabela Xavier)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Assim fui

Eu fui dela
Eu fui vontade
Eu fui espera
Eu fui saudade

Eu fui só dela
E por ela
Eu fui só
Fui-me, só

(Isabela Xavier)

Eyes on the night by matley0
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sábado, 14 de dezembro de 2013

Adivinhação

Ah, ele não entendeu
Que, sobretudo,
Quando me mostro,
De fato desnudo
O que exponho
E encubro
O desgosto
De ter que
Mentir
Ao medir
O que pode ser
Disposto
E o que deve ser
Suposto

(Isabela Xavier)


Silhueta by Ary Chedid
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Tempestade

É só chuva
E não esperança
O que pinga do céu
E te alcança
Encharcando-te
Aos poucos

É feito orgulho
Que tu respingas
Nos outros
Enquanto te afogas
Em solidão
Feito louco

(Isabela Xavier)


Storm In Edgewood by LostinNM
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Livre?

Se te livrei do pesar,
Condenei-me justamente
Ao eterno rogar

Implorando em pensamento
Que, livre de correntes,
Volte a ti o sentimento
  
Ou que morra de vez
A loucura que alimento
Com plena lucidez

(Isabela Xavier)

mass destruction by daydream-in-blue
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domingo, 24 de novembro de 2013

Platônicos

Entre eles pairava o sentimento não dito, explicitamente escondido entre dois cúmplices. Entre sorrisos. Entre olhares. 
Ambos fingindo, sabendo, simulando. Dissimulando. Ninguém falava nada, gostavam daquele amor inteiro, quase reprimido, quase consumado. Do contentamento calado, quando um toque arrepia a pele e desnuda a alma.

Disfarçavam, satisfeitos, a respiração acelerada e as batidas cardíacas desesperadas, quando a presença do outro era maior do que o silêncio podia suportar.
Era puro prazer observar os gestos de amor escapados por entre dedos gelados, nervosos, ansiosos. 
Ansiosos por amar, assim eles eram. E, para preservar seu amor, assim o enterravam. Enterravam no fundo seguro onde nem um nem outro poderia escavar. Nem explorar até que o tesouro sucumbisse de tanto sentir. De ardor. De dor, que horror. Que pesar. De amar.

(Isabela Xavier)


Foreigner: in between by aleah michele
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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Não sei...

Só sei que
Tenho um querer
Pelo teu gostar
E um gostar
Pelo teu querer

Que já nem sei 
Se fantasio
Teu amor
Ou se amo
A fantasia de ti 

Fico sem saber
Se amo
Porque sou louco
Ou se enlouqueci
Por amar

(Isabela Xavier)

Lonely Man Pont des Arts by Patrice BALARD
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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Afogado

Atravesso a nado
Um rio de solidão

Peguei meu barco furado
Insistindo ter razão

Nas águas agora desabo
Por mero orgulho vão

Pelas ondas sou tragado
 Por recusar a tua mão

(Isabela Xavier)


Swimming in the flood by Harshani Dharmadasa
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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Achado

Close my eyes to see... by ToNo's world
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 Encontra-me
E me conta
O que viu 
Em mim

Que não vejo
Nem vi 
Partir

Mas ainda resta 
No desejo
De sentir

(Isabela Xavier)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Prosa mutável

Sou uma pessoa de várias opiniões e poucas convicções.
Certezas imutáveis não me agradam. Eu gosto é de mergulhar na constante transformação que a vida impõe, e que alguns negam e outros aceitam. Gosto de mudanças. Mudança de pensamento, de hábito, de ares. 
Não quero morrer na mesma fôrma em que nasci. Sou um livro aberto a metamorfoses, que muda de capa quando bem entende e está sempre disponível para edições. Diversifico meu texto, saio das linhas, altero a escrita, ora em prosa, ora em poesia.
Gosto de me definir de maneiras diferentes, cada momento à sua maneira. Assim não me reduzo a uma sinopse fixa, nem reduzo as possibilidades. Sou convicto mutante, constante até quando a constância me agradar.

(Isabela Xavier)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Antissocial

Desfez as malas, apertou os cintos.
Estava mais seguro em sua cabine privada.
Afastado de tudo, não destoava de nada. 

(Isabela Xavier)

Blowing in the Wind by h.koppdelaney
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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Desdém

Nossos olhares cruzados
Teu aceno mudo
Um sorriso estancado
Ah, tu me negas tudo!

A ti não basto, então?
Enxerga este necessitado
De um pouco de atenção
Invisível ao teu lado

(Isabela Xavier)

Flirting at MoMA by AoRnNrOa
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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Errante, e só

» Lonely Christmas Silhouette by Jeff Krol
a photo by Jeff Krol on Flickr.


Neste vasto mundo
Não há nada que me baste
Não sei se ainda estou vivo
Ou se o coração só bate
Bate e só

Que é para torturar
Um homem desalmado
Que ao fardo da vida
Foi condenado, sem escolha
Nem dó 

(Isabela Xavier)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Interior

“Freedom is not the absence of commitments, but the ability to choose  and commit myself to  what is best for me.” ― Paulo Coelho, The Zahir by ✿§Ѧк υℜa✿
a photo by ✿§Ѧк υℜa✿ on Flickr.
 
Dentro de mim há um vasto mundo
E todo esse mundo sou eu
As ideias nascem pequeno ponto
E, no piscar de um segundo, explodem
Em um universo de possibilidades

Profundamente intrincado em mim
Encolho-me no mundo real
O que é de fora deixo ao longe ficar
Já me basta a imensidão
Que há por dentro

Sou tão vasto
Que não caibo em mim 
E quero caber em qualquer lugar

(Isabela Xavier)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Semente

Leve como pena
Flutua
Na imaginação
A semente
Da poesia

Germina em letras
Brota no papel
O que o poeta
Enterrou, um dia

(Isabela Xavier)

Unspoken words, unwritten ideas by A-STAR-IX
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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Ilusório

Mas a saudade mais triste
E mais injusta
Era a saudade da pessoa
Que alguém deixou de ser
Que alguém fingiu existir
Encenou com mestria
E encerrou com firmeza

(Isabela Xavier) 

Man, Bird, Cat by -- brian cameron --
a photo by -- brian cameron -- on Flickr.
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Feito pluma

Departures   by jumpinjimmyjava
a photo by jumpinjimmyjava on Flickr.

Li um poema
Tão leve
Quanto chumbo

Esbarrei
Na própria vida
Descrita 

Em letras
Profundas
No papel raso

Engoli, feliz,
O bolo
De palavras

Que ainda
Não me desce
Pela garganta

(Isabela Xavier)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Carnaval

Venetian Eyes [Explored] by Nezar Kadhem
a photo by Nezar Kadhem on Flickr.

Saiu às ruas alegre colombina
Procurando em cada esquina e cada salão
Por trás dos muros e por trás das cortinas
Arlequim que lhe encantasse o coração

Sob adereços e fantasias
Aquele povo todo sorria
Os olhos cheios de tristeza
Os corpos cheios de euforia

Eis que colombina encontrou o amor
Descolorido sujeito mascarado
Que lhe ofereceu em troca da dor
Um belo coração descompassado

(Isabela Xavier)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Vazio

 Esta casa
Vazia como se vê
Nunca esteve tão
Impregnada de você

Ouço passos seus
No assoalho
Nada mais que
Ecos meus 

E se o vento 
Me bate à porta
Corro em disparada
Fantasiando sua chegada

(Isabela Xavier)


empty room by daydream-in-blue
a photo by daydream-in-blue on Flickr.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Pela lente

Lentes by Fernanda Fiamoncini
Lentes, a photo by Fernanda Fiamoncini on Flickr.

Frias lentes
Capturam o olhar
Que sorriso algum
Poderia expressar

Vejo-te pela câmera
Fotografia à distância
Lente de aumento
Ao longe te alcança

 Momento único 
De contemplação
Ver-te caminhar
Na minha contramão

(Isabela Xavier)

terça-feira, 18 de junho de 2013

(R)Evolução



Cartazes
(à frente)
Bandeiras
(no corpo)
Evolução 
(da mente)
Revolução 
(do povo)

É bomba
Que não mata ideias
É tiro de borracha
Que não apaga ideais
É spray de pimenta
Que não cega 
Quem enxerga
Os problemas reais

De vinagre
É feita
A revolução
 E dê flores
 À vingança
E amores
Pela Pátria
Há esperança

Vá, luta
Vá, insiste
Que a rua é tua
E um dia muda!
Filho da pátria
Tu és do povo
E do povo é feita
Essa nação

Que nas mãos 
Dos injustos padece
E pelas tuas reage
Persiste na ação
Pois não há 
Política suja
Que impeça 
A revolução

(Isabela Xavier)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Alpinista

Escalou até o topo 
da montanha mais íngreme dentro de si, 
apenas para escavar o passado profundamente enterrado.
Por descuido ou por desgosto, acabou soterrado.

(Isabela Xavier)

(4) Stories for lonely shots - No Matter Where by Liam Levitz
a photo by Liam Levitz on Flickr.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Quando vi

take away all the lonely moments, give me full communication with you. by brandie baechler
photo by brandie baechler on Flickr.

Foste embora sem avisar
Quando me vi 
Já era solidão
Quando vi 
Já era escuridão
Em que eu vagava
A procurar-te
Em vão

(Isabela Xavier)

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Insônia

By http://andrerealizes.tk/


Agora já é noite fechada
E só as estrelas se expõem
Sei que tu ouves meus passos inquietos pela sala
Que sentes meu movimento sorrateiro pela casa
E condenas esse vagar solitário

Mas não, não me sigas
Não te levantes da cama, em vão
Este encontro noturno é de uma pessoa
Com sua própria alma, a qual confronta

Se, protegido pelas sombras da noite,
Vago a me procurar
Tateando sentimentos bambos 
E desejos obscuros,
Não serás tu, consciência, que 
Por julgamento me encontrarás

(Isabela Xavier)

sábado, 4 de maio de 2013

Aquém

A la deriva - Adrift by Ana MD
A la deriva - Adrift, a photo by Ana MD on Flickr.

Teu amor era muito
Mas eu era pouco para ti
Minha recíproca não era escassa
Apenas controlada

Joguei fora a sobra
Do sentimento que transbordou
Oferecendo apenas o que cabia
Na exatidão do convencional

Fatídico foi meu erro
Ao não perceber que 
Tu não te delimitavas
 E amavas além de limites

Tanto amor por ti ofertado
Por fim me afogou
Fôlego não me faltava 
Fui eu que não soube nadar

(Isabela Xavier)

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Quem tu és

Alone by yuorme
 a photo by yuorme on Flickr.

Moravas em minha casa
Roubavas-me o sono
Ao dividirmos os lençóis
Pairavas sobre meu pensamento
Pois entre nós não havia fala
Tiravas minha fome
E devoravas-me por partes

Eras companheira presente
De desalento
De desafeto
Permanecendo, apenas tu,
Enquanto outros me abandonavam
Teu silêncio pesava sobre a casa
Sobre a alma desgastada

 Conheço-te a vida inteira
Reconheço-te agora
És meu tormento implícito
Que torna explícito
Meu peito vazio
Já não te ignoro mais
Sei quem tu és: solidão 

(Isabela Xavier)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Banquete

Tu me ofereceste um último banquete
De semibeijos amargos
E meio-abraços já frios
Servidos de uma alma vazia
De desejo
A um corpo faminto
Por entrega e amor 
Estes já não mais disponíveis
Em teu cardápio
Não para mim
Cheguei voraz
E fui-me ainda mais vazio
Saboreando o gosto azedo
Da tua recusa

 (Isabela Xavier)

Thinking RFID by @boetter
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