domingo, 28 de outubro de 2012

Busca

The Road Never Ends by Ben Heine
The Road Never Ends, a photo by Ben Heine on Flickr.
Na interminável perseguição
Pelo essencial
Entre infortúnios fortuitos
Perdi-me

A busca pelo inalcançável
Que se rendia bem ao alcance
Camuflado apenas pelo olhar
Que, superficial, não vê

O desejável
Com ar de inatingível
Era o que na verdade
Saltava aos olhos 

Do coração
Da alma
Era apenas sensível
E invisível, então  

(Isabela Xavier)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Era uma carta de amor

Writing by LOVEducation
by LOVEducation on Flickr.


Henrique, rapaz à moda antiga, resolveu escrever uma carta de amor para Ísis, a vizinha de quem gostava. Pegou caneta e papel, sentou-se à escrivaninha para redigir um rascunho. Estava começando a escrever quando a caneta falhou. Rabiscou com força, com raiva até, mas a tinta não saía. 

Correu com urgência à sala, vasculhou as gavetas e achou um lápis. Voltou à escrivaninha com o lápis na mão, pegou o papel e... Esqueceu-se das palavras. Na procura pela caneta, perdera as ideias!

Chateado, abriu a janela do quarto para buscar inspiração. E, por coincidência, lá estava ela: Ísis! Andando na calçada, de vestido verde e cabelo trançado. Sorvete em uma mão e na outra... A mão de um garoto entrelaçada! Ísis caminhava com um desconhecido e esbanjava um sorriso largo e descontraído.

Henrique fechou a janela, os olhos marejados de lágrimas. Apressadamente pegou o papel e o lápis e pôs-se a escrever um poema. Inspirou-se na dor!

(Isabela Xavier)

domingo, 21 de outubro de 2012

Máscara

Imagem: http://lucassantos26.wordpress.com

De repente, pegando-a desprevenida
A máscara caiu no chão
Não sabia qual expressão assumir
Se de surpresa
Se de ira
Se de tristeza
Há tantos anos fingia ser
Que já desconhecia o próprio rosto

(Isabela Xavier)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Alice

Imagem: http://petragaleria.wordpress.com/2007/11/page/3/


Alice passeava de mãos dadas com a mãe pelas ruas do bairro, quando puxou sua mão e apontou:
- Mãe, posso ficar com aquele gatinho? É que eu não tenho bicho de estimação... - pediu, mostrando um gato vira-lata.

- Não, minha filha, nem pensar! Bicho dá trabalho, tem que vacinar, dar banho, comprar comida...
Alice franziu o cenho, mas permaneceu calada. 

Alguns metros à frente, no banco da pracinha, um menino maltrapilho brincava com gravetos, distraído. 

Alice puxou de novo a mão da mãe e apontou:
- Mãe, posso ficar com aquele menino? É que eu não tenho irmão... 

(Isabela Xavier)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pessimismo da esperança



Maldita esperança!
Manipuladora, modifica minhas impressões
Dissimulada, ignora as evidências contrárias
Orgulhosa, nega-se a aceitar o não
Mimada, não quer abandonar seu objeto de desejo
Aproveitadora, arrebata-me no momento crucial
E egoísta que é, me arrasta consigo para o poço das ilusões
Para mais tarde abandonar-me à própria sorte
Quando chegarem as decepções

(Isabela Xavier)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Frases achadas

Frases lidas ao acaso
- Sem intenção -
Que aparecem sem pedir licença
Expõem meu fracasso
Sem minha permissão
Publicam minha sentença.

(Isabela Xavier)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Despertez insensata

Saudade independe de distância física
Mas uma pequena amostra da presença do outro
Causa o desprazer do afastamento
Uma momentânea brisa de vazio
Ao prolongar-se o momento
Mais duradouras as consequências
A presença demorada
Acentua a percepção da falta

E desperta sentimentos menos nobres
Outrora adormecidos
E inflama sensações desagradáveis
Antes ignoradas 

Dissolve parte de um processo
Demoradamente construído
- ou conquistado? -
De afastamento necessário

A amostra da presença
Causa uma indesejada despertez
De sentimentos proibidos
Ao coração
Enquanto a razão grita:
- Desperte, menina insensata! 

(Isabela Xavier)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Escrevendo magia





 Abrir um livro é como abrir um portal mágico e ser transportado para outro mundo. E é você, ao escrever, que cria a magia. O escritor tem nas mãos o poder de transportar uma, duas, milhares ou milhões de pessoas para o mundo que ele criou.
     
 Ser escritor é como brincar de Deus um pouquinho. Você dá vida a pessoas e controla seus destinos, é ele que forma suas personalidades, emoções, escolhe seus infortúnios e decisões. Pode construir uma cidade, um país ou até mesmo um mundo diferente. Ou, se preferir, inventar uma nova realidade – paralela ou não – em qualquer lugar já existente.
      
O seu leitor pode chorar, rir, se desesperar, se assustar. Ele pode sentir raiva, paixão, indignação, medo, prazer, amor. E tudo no mesmo livro. São incontáveis as sensações que um volume de folhas escritas pode transmitir. O escritor, então, manipula as emoções do seu leitor. E carregar esse poder requer responsabilidade. Responsabilidade sobre a vida fictícia e sobre a vida real.
      
Um livro pode encantar as pessoas através de oitenta, de trezentas, de mil páginas. Não há limite, não há mínimo nem máximo para uma boa historia. Duzentas páginas podem conter uma história de cinco dias ou de vinte anos.
      
Na verdade, uma boa história, qualquer seja seu número de páginas, quando chega ao fim, sempre deixa no leitor um sentimento de perda. O leitor sente falta daquele mundo único e seus personagens, desejando que esse contato nunca terminasse e que fosse possível continuar acompanhando suas vidas. Alguns dizem sentir a famosa “depressão pós-leitura”.  
      
Fundamental mesmo é que o leitor embarque com vontade na viagem e não se arrependa de ter comprado a passagem. E que o prazer do escritor ao escrever o livro faça a viagem valer a pena.

(Isabela Xavier)

"Um livro é a prova de que os homens são capazes de fazer magia."
(Carl Sagan)

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