segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2012 e o fim de alguns tempos

looking the time passing by [ Explored too! o.O ] by sarahu.
looking the time passing by [ Explored too! o.O ], a photo by sarahu. on Flickr.
Eu relutei em escrever um texto sobre uma possível retrospectiva de 2012. Nunca tive muita paciência para isso, a cada fim de ano eu apenas fazia um rápido balanceamento do que passou, coisa de cinco minutos, sem me prolongar em lembranças. Mas hoje (dia 30 de dezembro) peguei-me surpresa, já escrevendo um texto de fim de ano. 

Fico agradecida por ter tido a companhia de familiares e amigos, que me ajudaram e apoiaram em decisões importantes. E mais do que isso, estiveram o tempo todo ao meu lado, proporcionando-me lembranças maravilhosas. Nesse aspecto, não tive quaisquer problemas. Mas 2012 foi um ano de mudanças muito importantes para mim. Foi também um ano de libertação. 

Nos últimos anos eu vivia presa em dois pesadelos que me fizeram viver alguns dos piores momentos da minha vida - apesar de, como em qualquer situação, terem seus lados positivos. Nunca experimentei tamanho desgaste emocional e mental, que me impuseram até mesmo consequências físicas negativas. E fico muito feliz de dizer: nesse ano livrei-me de ambos. Agora me vejo caminhando em minha própria trilha, no meio a essa densa selva que se chama vida, a qual eu ainda estranho muito.

Até agora eu insistia em atalhos errados, que me obrigavam a lutar pela sobrevivência todos os dias. Caí, perdi-me diversas vezes, machuquei-me. Lutei contra minha natureza e por algo em que eu nunca acreditei, uma carreira errada que não me servia. Lutei também por outra causa perdida, guiada por outra pessoa perdida, enquanto eu recusava-me a acreditar no fracasso já evidente.

Mas consegui parar de andar em círculos e retomei as rédeas de cada situação. Parei de seguir a direção errada e abandonei os percalços. Modifiquei drasticamente dois aspectos da minha vida que disputavam entre si qual me fazia mais mal. E, de peito aberto, mente livre e coração dolorosamente liberto, parei e olhei para a direção certa. Então, senti uma leveza e paz que não sentia há muito tempo. Foi o momento em que solidifiquei duas decisões das quais já tinha – relutando ou não – certeza absoluta.

Voltei às origens: de seguir minha própria trilha, a despeito de opiniões alheias. E escapei dos pesadelos opressores. Afinal, mesmo sendo a realidade tão dura, eu sempre fui sonhadora. Não, eu não vivo de ilusões, apenas adapto a realidade ao meu modo e não vivo em sonhos, mas vivo sonhos. A vida é aquilo que fazemos dela, e a minha é fantástica - sim, no sentido da fantasia -, sempre foi.

No ano de 2013 , enfrentarei mais um desafio, que tenho confiança em vencer, para, então, conseguir iniciar um plano que, agora sim, posso chamar de sonho. O desafio é um novo vestibular e o sonho, a carreira de Psicologia. E, enquanto isso, dou continuidade a outro sonho de igual importância e que é inevitável de ser praticado, por fazer parte de quem eu sou: a escrita. A literatura mora nas minhas entranhas e escrever – assim como ler – é inevitável, natural e automático. Uma meta deste segundo sonho literário é finalizar um livro de poesias e terminar meu primeiro livro de gênero policial, coisas que espero conseguir antes do fim de 2013.

A passagem de um ano nada mais é que mera formalidade, mera alteração de calendário, diriam-me algumas pessoas. Mas acredito que possamos encará-la como uma renovação, um marco para tirarmos planos do papel, trabalharmos em metas não apenas com esperança, mas com ações, e rever o que precisa ser mantido ou excluído em prol de nossa felicidade e paz de espírito. E isso  – revisão de todos os aspectos e renovação do necessário –  é o que pratico e desejo a todas as pessoas. Que nossas almas se encham de paz e sabedoria.

(Isabela Xavier)

domingo, 30 de dezembro de 2012

Sutilezas

subtlety... by janoid
subtlety..., a photo by janoid on Flickr.

É quando me calo 
Que quero gritar alguma coisa
E quando perguntas,
Se não respondo,
Presta atenção nas sutilezas

Porque para quem entende
Meu caráter por demais subjetivo
Um gesto é muita coisa
Um suspiro é uma sentença
E um olhar, a explicação

E, se me silencio, busca ali
As extensas respostas 
Que não quero pronunciar
Mas te mostro
Sutilmente

(Isabela Xavier)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Amor ensaiado

IMG_2922 by David Knicker
IMG_2922, a photo by David Knicker on Flickr.
Tudo o que tu queres
É uma nova atriz disponível 
Para viver tua peça de teatro
Como se real e espontânea fosse

Enquanto teu papel de protagonista
Resume-se a repetir as mesmas falas
Com emoção ensaiada
Em uma trama desgastada

(Isabela Xavier)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Vulto

Andava sozinho pelas ruas
Espremendo-se em meio à multidão
Ágil e apressado, cuidadoso
Desviava de todas as pessoas
Com medo de que esbarrassem
Em sua solidão

(Isabela Xavier)
By ingridroyer.tumblr.com

sábado, 22 de dezembro de 2012

Pequeno poema singelo

light through the window by Foot Slogger
light through the window, a photo by Foot Slogger on Flickr.

Batidas na janela
Acordo sobressaltada
Quem será ele? Ou será ela?
Procuro, mas vejo nada

Batem outra vez, a insistir
Apresso-me, antes que fuja
Mas que surpresa ao descobrir
São apenas pingos de chuva! 

(Isabela Xavier) 

 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Liberta


'If you're a bird, Im a bird.' by Lovely Lo
'If you're a bird, Im a bird.', a photo by Lovely Lo on Flickr.
 

Escoei toda a minha raiva

Transformando frustração em poesia



E dancei toda a angústia para longe

E cantei a solidão para fora



Por isso carrego esta alma

Leve de tristezas

E livre de você


(Isabela Xavier)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Fuga

Night Street by d o l f i
Night Street, a photo by d o l f i on Flickr.
 
Ontem fugi de casa
Só por algumas horas
Para tentar fugir de mim
Só por alguns minutos

Perdi-me pelas ruas
Tentando perder as preocupações
E em algum canto esquecido
Esquecer minhas aflições

Andei sem rumo
Desarrumando os pensamentos
Andei sem pressa
Apressando a quietude

Fui pego pela chuva
E fiz chover minhas lágrimas
Caminhei para casa
Deixando um rastro molhado

Sequei o corpo
Seco de lágrimas
E encharcado
De sossego

(Isabela Xavier)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Carta na garrafa

Imagem: http://journeysandjournalsfromourgalaxy.blogspot.com.br/2012/08/my-message-in-bottle-to-sea-1.html

Uma amiga contou a Roberto que Laura desconfiava do amor platônico do rapaz. A amiga o incentivou a declarar seus sentimentos.

Roberto, tímido demais, estava sempre esperando que o destino arquitetasse qualquer coincidência e o colocasse em alguma situação favorável com Laura. Desta vez, farto de esperar, daria uma mãozinha ao acaso.

Terminou com os seguintes versos a carta de declaração de amor: 
"Se encontrar esta garrafa com a minha carta, em meio à imensidão das águas, não foi coincidência ter chegado a você. Foi o destino que nos uniu."
Fez com a carta um canudo, enfiou na garrafa, que fechou com a rolha.
Andou três quarteirões, trepou no muro da casa de número sete, respirou fundo.
E arremessou a garrafa na piscina de Laura.

(Isabela Xavier)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Prudente

Laura by Cathy Lê Thanh
Laura, a photo by Cathy Lê Thanh on Flickr.

Guardei um pouco de mim 
Para quando você chegar
A maior parte deixei comigo
Que é para me resguardar

Porque agora faremos assim
Eu sou totalmente minha
E, quem sabe, a você
Eu empreste uma pontinha

(Isabela Xavier)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Armado

when one door closes another door opens... by lilion


Raul abriu, silenciosamente, a porta. E entrou na casa da garota, armado até os dentes.
Ele era seu amigo, mas ela não queria ouvi-lo. Não quis conversar, não quis encontrá-lo. Já que ela preferia ficar triste e se isolar com seus problemas, teria o que merecia.

Andando sorrateiramente, ele pegou-a desprevenida, sentada no sofá da sala. Sorriu ao constatar a expressão de surpresa no rosto da amiga.
Raul ficou de frente para ela e, antes do ato final, mostrou todas as suas armas: um chocolate, um sorriso e um abraço estirado.

(Isabela Xavier)

sábado, 8 de dezembro de 2012

Mergulhe

Não, meu bem
Não te afogues em mágoas
Em ondas de tristeza
Na tua praia de solidão

Vem
E afoga-te em mim
Que eu transbordo
E te faço náufrago

(Isabela Xavier)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Eu deixo

Hold me.. by Morgacito
Hold me.., a photo by Morgacito on Flickr.
  
Deixou-me magoado
Deixou-me infeliz
Deixou-me rasgado
Deixou-me

Deixa-me sozinho
Deixa-me pensar
Deixa-me em paz
Deixa-me

Deixa para lá
Deixa passar
Deixa de lado
Deixa

Deixa-me louco outra vez
Deixa-me zonzo de amor
Deixa
Que eu deixo

(Isabela Xavier)

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Saudade

Ne me quitte pas by XpatScot
Imagem: Ne me quitte pas, a photo by XpatScot on Flickr.
 
Hoje
Pensei que morreria
De saudade
De viver
Possibilidades
Impossíveis
De reviver
Lembranças
Felizes

Hoje
Pensei que choraria
Toda a dor
A imensidão da dor
Que cabe
Na saudade
Com a intenção
De dissolver
Em lágrimas
A melancolia
Estancada

Hoje
Falhei
Em minha promessa
De prender
As lembranças
Antes que elas
Assaltem-me
Quando percebi
Voavam livres
A me sufocar

Hoje
Consegui manter
Mais uma vez
Um pacto
Que é só meu
De ser firme
Na escolha de
Ser forte
E de aguentar
A força da correnteza
Quando a represa
Ameaça desmoronar

(Isabela Xavier)

domingo, 25 de novembro de 2012

Balanço


Transformation completed. by TiC's wonderland
Transformation completed., a photo by TiC's wonderland on Flickr.



Era lento o balanço, e libertador. Para frente e para trás. O vento fresco e suave batia contra seus cabelos, já grisalhos. Estava ficando despenteado, mas isso já não tinha importância. E o vento balançava seu corpo ainda mais. Para frente e para trás. A gravata torta, o terno amassado. Seus pés sacudiam no ar, entregues àquele balanço libertador que o embalava. Para frente e para trás. Hoje os sapatos não estavam engraxados e as meias não combinavam. Mas isso não o incomodava mais.

Nada disso tinha importância. Não mais para um homem consumido pela culpa e pelo remorso. Um homem como ele, sempre ocupado, sempre atormentado. Nada mais importava para seu corpo vazio de vida. Seu corpo que jazia pendurado pela corda ao forte lustre da sala. Triste e enforcado. Um corpo inútil que balançava no ar, num balanço mortal, para frente e para trás.

(Isabela Xavier)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Psicodélica!

Words.... by jah~
Words...., a photo by jah~ on Flickr.
Ando numa vibe louca
Ouvindo inspiração
Onde há qualquer som
Onde há silêncio
Vendo inspiração
Onde há qualquer coisa
Onde não se vê coisa alguma
Lendo inspiração
Em frases soltas e simples
Em textos que nem leio
Absorvendo inspiração
Do cotidiano
Do imaginário
Ando numa vibe louca
De palavras 
Alucinadas 

(Isabela Xavier)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Teu ex-amor


Era desgosto
E descaso
Pelo teu gostar

Era ausência tão sólida
Que solidificava
Tua própria solidão

Era vontade 
De partir
E não voltar

Era costume
Que acostuma
A desapegar

Era descuido
Que teima
Em errar 

E erro 
Que recusa
Acertar

(Isabela Xavier)

Imagem: http://elfpandora.blogspot.com.br/2010/08/espera.html

domingo, 11 de novembro de 2012

Passageiro

Roadside blur by Stephen*Iliffe
Roadside blur, a photo by Stephen*Iliffe on Flickr.
Em um ritmo inquieto e ligeiro
Os dias passavam rapidamente
Como passam as paisagens em uma estrada
Quando o carro se move depressa

Ah, a brevidade dos instantes!
A vida era uma goteira que ninguém estancou
Gotejando seus pingos, um após o outro
Em movimento contínuo e incessante

A vida não dava trégua a delongas
Enquanto a maldita preguiça
Tal qual corrente que arrasta seus elos morosos
Agarrava-se ao homem, grudenta e pesada

Ele, vencido, apenas se sentava à janela
E observava as belas e efêmeras paisagens
Mas nenhuma era capaz de despertar ânimo
Tudo era fim, tudo sempre passageiro

E foi assim que viveu, passageiro errante
Jamais visitante ou admirador
De coisa nenhuma, de gente alguma
Apenas arrastou por aí o peso de existir

(Isabela Xavier)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Adeus, amor

glass by BuiltThenBurnt
glass, a photo by BuiltThenBurnt on Flickr.

Quebrou móveis e vidraças, fechou a porta 
 e pendurou um bilhete:


Adeus, amor. Deixo-te a casa como deixaste meu coração.

(Isabela Xavier)
 

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