Hoje eu disse para uma pessoa: “eu e o Direito somos como água e vinho”. Mas depois, ao refletir, percebi que este ditado não exprime com exatidão a realidade do fato. Eis então a analogia apropriada: “eu e o Direito somos como água e óleo”. Nesse caso, o óleo sou eu e o Direito, a água.
O óleo não escolhe, ele simplesmente é. O que se segue é a ordem natural das coisas: tanto o óleo quanto a água, por suas naturezas, inevitavelmente não são capazes de se misturar.
Eu, o óleo, não escolho. É uma condição. Devido à minha essência, fico a boiar na superfície da água sem conseguir me afundar. Com isso, não há como verdadeiramente me unir às profundezas, às entranhas aquáticas.
Já tentei, não nego, me misturar. Agitei água e óleo, sabendo, por conhecimento, experiência e intuição, que ambos nunca se fundiriam. Agitei os dois, em vão. O óleo voltou à superfície, apressado, sem o menor interesse em ir mais fundo. Quando forçado a tentar, não gostou do que sentiu.
E não há solução, doa a quem doer, água e óleo não se misturam. Podem entrar em contato, mas suas substâncias não combinam e eles não se unem. Não há escolha, apenas condição. É a (minha) natureza.
(Isabela Xavier)
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