Esgueirou-se pelo labirinto de corredores e se escondeu no canto mais isolado que encontrou. Não moveu um músculo. Não ouvia mais passos, nenhum sinal dele. Esperança. Suspirou aliviada.
Mas logo os pelos se eriçaram ao sentir a respiração no pescoço. Estremeceu com o perfume. Reconheceu o sussurro. Não tão cedo. Não seria tão fácil quebrar as correntes.
Podia tentar cerrar os olhos e tapar os ouvidos para as memórias dele. Fugir da imaginação era nada perto daquelas invasões. Elas eram blindadas e insidiosas. Quando menos esperasse, quanto menos desejasse, estariam lá.
A respiração ruidosa, os batimentos cardíacos no peito tão familiar, o perfume da pele macia. Aquela voz rouca a murmurar confissões. Chegavam todas sorrateiramente e a levavam de volta, contra sua vontade. Rendeu-se, enfim. Não há esconderijo para o que está sempre ao lado – de dentro. Não escondeu um tímido prazer. Havia certo masoquismo na dor de reviver lembranças.
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