Hoje desisto de mim
E deixo meu barco afundar
Em um copo de vodca
Ou na almofada do sofá
Jogo na mesa os livros e os compromissos
Hoje eu escolho o que ficará
Escancaro a janela do apartamento
Convidando a tempestade,
Deixo a chuva molhar
Hoje, só hoje
É o dia de me largar
À própria sorte
E de me jogar
Na pausa que a vida dá
Hoje estou feliz assim,
Solitário
Fechado em pensamentos delirantes
Sou sofredor voluntário
Escravo de uma mente errante
Lembre-se de me esquecer
Finja que nunca existi
Ignore a importância que me dá
Sou eu, e só eu,
O único que cabe aqui
Não me toque a campainha
Esqueça o telefone, nem me ligue
Hoje aprecio meus demônios
E degusto o que a vida me proíbe
(Isabela Xavier)