Entre eles pairava o sentimento não dito, explicitamente escondido entre dois cúmplices. Entre sorrisos. Entre olhares.
Ambos fingindo, sabendo, simulando. Dissimulando. Ninguém falava nada, gostavam daquele amor inteiro, quase reprimido, quase consumado. Do contentamento calado, quando um toque arrepia a pele e desnuda a alma.
Disfarçavam, satisfeitos, a respiração acelerada e as batidas cardíacas desesperadas, quando a presença do outro era maior do que o silêncio podia suportar.
Era puro prazer observar os gestos de amor escapados por entre dedos gelados, nervosos, ansiosos.
Ansiosos por amar, assim eles eram. E, para preservar seu amor, assim o enterravam. Enterravam no fundo seguro onde nem um nem outro poderia escavar. Nem explorar até que o tesouro sucumbisse de tanto sentir. De ardor. De dor, que horror. Que pesar. De amar.
(Isabela Xavier)
(Isabela Xavier)
a photo by aleah michele on Flickr. |